A estação científica brasileira que pegou fogo na Antártica existia há 28 anos e desenvolvia pesquisas importantes, como mostra o repórter Ari Peixoto.
A base Comandante Ferraz foi instalada em fevereiro de 1984. Era uma pequena cidade, com 2,6 mil metros quadrados de área, construída em módulos, com contêineres de aço. Tinha todas as instalações necessárias, inclusive um heliponto. A capacidade era para 62 pessoas, incluindo pesquisadores, pessoal de apoio e 15 militares da Marinha, que formam o grupo-base, responsável pela segurança e proteção ambiental, e também pela operação de veículos e equipamentos.
A Marinha dá apoio logístico aos pesquisadores brasileiros, com dois navios oceanográficos.
Na base, é desenvolvida parte do Programa Antártico Brasileiro, com pesquisas nas áreas de biologia, geologia, ciências espaciais e atmosféricas. Os cientistas acreditam que tudo o que acontece na Antártica tem reflexos em outras partes do mundo. Por isso, as pesquisas no gelo podem ajudar a entender o que aconteceu, o que acontece e o que poderá acontecer no futuro do planeta.
O Brasil tem 20 pesquisas em andamento na Antártica. O Jornal Nacional conversou com um dos pesquisadores de maior experiência na região, que já participou de 19 expedições polares. Para ele, o incêndio afetou quase metade do Programa Antártico Brasileiro, que está completando 30 anos de existência. Ele diz ainda que serão necessários, no mínimo, três anos para reconstruir a estação Comandante Ferraz
“A exploração polar sempre traz riscos. Riscos como travessia de geleiras, tempestades, nevascas, ventos de mais de 150 km/h, e, infelizmente, o risco de incêndios”, explica Jefferson Simões, professor da UFRGS.
A professora Lucélia Donatti é coordenadora de pesquisas no continente gelado. Ela esteve na base brasileira oito vezes e lamenta a morte dos militares e os prejuízos do incêndio para a ciência.
“Do meu projeto nós perdemos toda a parte científica. Essa expedição vai ser anulada e para recuperar essa perda, vão uns cinco anos. Isso não é nada, comparado àquela família que ficou sem alguém. Isso que eu acho que é a grande perda”, avalia.
As informações são do G1.
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