As nuvens cinzas e carregadas que pairavam sobre o Maracanã na noite deste domingo só não despejaram suas águas porque o Brasil não quis. Com um futebol espetacular há muito tempo não visto, a Seleção venceu a Espanha por 3 a 0, com gols de Neymar e Fred, por duas vezes, e conquistou a Copa das Confederações pela quarta vez na sua história (1997, 2005 e 2009).
Não, o placar não engana – foi tudo isso, e com direito a ‘olé’. Vitória com ‘V’ maiúsculo. Não houve erro de arbitragem. A Fúria não perdeu nenhum jogador importante. O que se viu no Maracanã, principalmente no primeiro tempo, foi futebol. Futebol que o mundo se acostumou a ver com a Espanha, adversária da final. Futebol de gigante, futebol que deu ao Brasil cinco títulos mundiais, marca até hoje jamais alcançada por nenhuma seleção rival.
O jogo
Depois do hino nacional cantado à capela, o Brasil não deixou a Espanha respirar. Com dois minutos de jogo, Hulk recebeu pela direita e cruzou para a área, onde estavam Neymar e Fred. Depois do bate-rebate, o camisa 9 acabou caindo, mas mesmo assim conseguiu finalizar para abrir o placar no Maracanã.
Com oito minutos, Neymar tentou lançar Marcelo, mas a zaga interceptou. O errado, porém, deu certo: a bola sobrou para Fred, que deu um ótimo passe de letra para Oscar.
O meia finalizou rente à trave direita de Casillas e por pouco não ampliou o marcador.
A Seleção Brasileira jogava como a Espanha – com a posse de bola, trocando muitos passes, não perdendo o controle do jogo mesmo quando pressionado. Além disso, marcava forte. Aos 12 minutos, uma bola roubada perto da área espanhola quase resultou em um golaço de Paulinho. O volante percebeu Casillas adiantado, mas o goleiro conseguiu se recuperar e fez uma bela defesa.
Por sua vez, a Espanha chegava devagar, tentando colocar mais capricho nas jogadas. Porém, a marcação era muito cerrada, dificultando a troca de passes. Faltas mais duras eram cometidas, e uma pegada de Arbeloa em Neymar quase causou uma confusão generalizada.
Aos 19 minutos, sem conseguir entrar na área brasileira, a Espanha resolveu arriscar de longa distância. Iniesta chutou forte e exigiu boa defesa de Julio Cesar.
A Fúria conseguiu equilibrar a partida, mas ainda não criava chances reais de gol. E a Seleção Brasileira continuou em cima.
Com 31 minutos, Neymar foi lançado na esquerda e enfiou excelente bola para Fred. De frente para Casillas, o atacante finalizou mal e chutou em cima do goleiro espanhol.
A Fúria martelava, e quase empatou aos 38 – Mata arrancou pela esquerda e virou bem o jogo para Pedro. Sozinho, o atacante bateu e já saía para o abraço quando David Luiz correu mais que a bola e deu um carrinho salvador para evitar o tento rojo.
E, antes do fim do primeiro tempo, o Brasil ampliou a contagem. E não podia ser de outro jogador. Neymar tocou para Oscar e recebeu de volta dentro da área. Com um petardo de pé esquerdo, o camisa 10 venceu Casillas e foi para a torcida comemorar o 2 a 0. Além disso, ele tem outro motivo para festejar – é o primeiro jogador brasileiro a marcar 15 gols em uma temporada pela Seleção; antes dele, só Ronaldo, com 14 tentos.
O Brasil poderia relaxar, afinal, já estava ganhando por 2 a 0. Nada disso. Com dois minutos, Hulk toca para Neymar, mas o camisa 10 faz um corta-luz de gênio e a bola fica no pés de Fred, que coloca cirurgicamente no canto esquerdo de Casillas, ampliando o placar.
A torcida estava enlouquecida. O Brasil jogava tão bem que merecia o grito “Quer jogar? Quer jogar? O Brasil vai te ensinar!” que ecoava das arquibancadas. A equipe de Felipão havia ganhado definitivamente o público.
Nem o pênalti infantil cometido por Marcelo em cima de Navas arrefeceu os ânimos: Sergio Ramos chutou para fora, para delírio da massa.
Com o placar praticamente definido, o Brasil mudou sua estratégia e passou a sair mais rapidamente para o ataque, deixando a bola mais nos pés da Espanha. Mesmo assim, a Fúria não entrava na área brasileira, trancafiada pelo sistema defensivo, com destaque para David Luiz e Luiz Gustavo.
Aos 23 minutos, a situação ficou mais difícil ainda para a Espanha.
Neymar puxou o contra-ataque e levou um ponta pé de Piqué já perto da área. Sem titubear, o árbitro holandês apresentou o cartão vermelho direto para o zagueiro.
Com 30 minutos e o ‘olé’ da torcida, o Brasil chegou bem com Daniel Alves, que cruzou para Fred. Na hora da finalização, Fred foi travado pela defesa espanhola.
Dois minutos depois, Neymar fez bela jogada individual e arrancou pelo meio, mas adiantou demais a bola e não conseguiu finalizar com precisão.
Aos 35 minutos, a Espanha assustou com Villa, que recebeu dentro da área e finalizou forte cruzado – mas era noite de todo o time brasileiro, inclusive de Julio Cesar, que fez uma excelente intervenção.
Com 37, Jô, que havia entrado no lugar de Fred, avançou pela esquerda e finalizou de forma egoísta – Neymar entrava livre pelo meio da área.
Já sem forças, a Espanha ainda tentou algo com Villa aos 41. O atacante bateu cruzado, no ângulo, mas Julio Cesar foi buscar, para alegria da torcida.
Até o final, o Brasil administrou o resultado, trocando passes no meio. Há muito a torcida já gritava 'é campeão', que soou cada vez mais alto com o fim da partida histórica no Maracanã.
FICHA TÉCNICA
BRASIL 3 X 0 ESPANHA
BRASIL:
Julio Cesar; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo, Paulinho (Hernanes) e Oscar; Hulk (Jadson), Fred (Jô) e Neymar.
Técnico: Luiz Felipe Scolari (Felipão)
ESPANHA: Casillas; Arbeloa (Azpilicueta), Sergio Ramos, Piqué e Jordi Alba; Busquets, Xavi e Iniesta; Mata (Jesús Navas), Torres (Villa) e Pedro.
Técnico: Vicente del Bosque
GOLS
Brasil: Fred (2’ e 47’) e Neymar (44’)
CARTÕES AMARELOS
Espanha: Arbeloa (15’) e Sergio Ramos (28’)
CARTÃO VERMELHO
Espanha: Piqué (68’)
Local: Estádio Jornalista Mário Filho (Maracanã), Rio de Janeiro-RJ
Árbitro: Bjorn Kuipers (HOL)
Assistentes: Sander van Roekel (HOL) e Erwin Zeinstra (HOL).
dgabc
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