Rio de Janeiro - A Suécia se vingou da goleada por 5 x 1 sofrida na estreia, no Engenhão, de forma implacável. Posicionada na defesa como se fosse um time daquele brinquedo chamado Totó, a seleção europeia montou um ferrolho capaz de deter o ataque do Brasil e deixar o jogo do seu jeito, ou seja, com prorrogação e pênaltis. Nos tiros da marca da cal, a Suécia triunfou por 4 x 3 e está na decisão de forma inédita na decisão. Prata em Atenas-2004 e em Pequim-2008, o Brasil decidirá a medalha de bronze.
O desenho da partida desta terça-feira foi o mesmo do início ao fim. O Brasil com a posse de bola e a Suécia posicionada no sistema tático 4-5-1, com duas linhas montadas para quebrar a velocidade da Seleção, à espera de um erro na troca de passes capaz de proporcionar um contra-ataque. Isolada na frente, Schelin e Blackstenius esperava por uma bola. Ofensivo ao extremo, o Brasil proporcionou uma oportunidade desperdiçada por Schelin.
No mais, foi jogo de um time só na etapa inicial. Elétrica, Marta se posicionava na ponta-direita e bagunçava com o esquema defensivo sueco. Faltava apenas calibre nas finalizações. Debinha e Formiga, por exemplo, chutaram para fora. Marta arriscou um arremate de três dedos após fintar uma marcado e a bola passou na frente do gol. Bia cabeceou no meio do gol um cruzamento um cruzamento de Andressa Alves.
O primeiro tempo terminou com 15 finalizações do Brasil e apenas duas da Suécia e uma goleada verde-amarela na possse de bola, com 71%. Satisfeita, a Suécia foi para o intervalo com o resultado que planejava depois de ser goleada por 5 x 1 na estreia, no Engenhão.
A etapa final começou com um lance perigoso a favor do Brasil. Acionada no ataque, Marta chegou a driblar a goleira Lindahl, mas perdeu o ângulo na hora de finalizar. Em outra tentativa, Bia arrancou suspiros da torcida ao aplicar um chapeú em Rubensson e bater com força para fora, com o pé esquerdo.
Maior responsável pela classificação para as semifinais ao defender duas cobranças de pênalti diante da Austrália em Belo Horizonte, a goleira Bárbara quase entregou o jogo ao sair jogando errado. Deu a bola nos pés de Seger, que tocou para Blackstenius chutar. Mas a própria Bárbara se recuperou no lance e defendeu.
Pressionada, a Suécia começou a se soltar, a buscar o ataque e começou a rondar a área do Brasil. Nervosa, a torcida clamou pela entrada de Cristiane, que se recupera de contusão. Enquanto isso, o ataque insistia em deperdiçar chances. Dona do meio de campo com vários desarmes, Formiga era empurrada pelo afinado coral no Maracanã. O volume de jogo do Brasil atingia o nível máximo, mas a Suécia rebatia cada bola para onde o nariz apontava.
O Maracanã quase veio abaixo em uma daquelas arrancadas de Marta pela direita. A jogadora eleita cinco vezes melhor do mundo enganhou a quinta marcha, foi passando pela defesa sueca, ajeitou a bola para a perna esquerda, chutou e Lindahl impediu um golaço. Aos gritos de "Eu acredito", o Brasil quase marcou no último lance do primeiro tempo em uma cabeçada de Bia após cobrança de falta ensaiada, mas o jogo foi para a prorrogação.
A novidade no tempo extra foi a entrada da maior artilheira da história dos torneio olímpico de futebol feminino. Vadão ouviu a voz do povo e colocou Cristiane em campo no sacrifício no lugar de Debinha. Cansado, o Brasil não conseguia abastecer Cristiane. E viu a Suécia crescer na partida. O nível de dramaticidade foi ao extremo quando Andressinha fez o que as adversárias tanto esperavam. Perdeu a bola no meio de campo e viu Schelin arrancar e finalizar na rede pelo lado de fora no lance mais agudo da prorrogação. Marta ainda teve uma cobrança de falta nos pés, mas a goleira sueca encaixou a bola com facilidade. Lindahl ainda saiu mal do gol em outro lance, mas Marta e Cristiane não souberam aproveitar.
Mesmo empurrado pela torcida, o Brasil não balançou a rede pelo terceiro jogo consecutivo. Havia sido assim também contra África do Sul e Austrália. Nos pênaltis, Marta iniciou a cobrança, chamando a responsabilidade para si e marcou. Cristiane, logo após o empate das suecas, perdeu sua cobrança, jogando a responsabilidade para Bárbara, que pegou logo na sequência. A partir daí, o drama. A torcida apoiava as brasileiras e secavam as rivais com gritos de 'vai perder'. Mas foi Andressinha, na última cobrança do Brasil, foi quem errou. Dahlkvist bateu o último para as suecas e sacramentou a eliminação brasileira.
FICHA TÉCNICA
Brasil 0 (3)
Bárbara; Poliana, Rafaelle, Mônica e Tamires, Thaisa (Andressinha), Formiga e Marta, Andressa Alves, Debinha (Cristiane) e Bia (Raquel)
Técnico: Oswaldo Alvarez (Vadão)
Suécia 0 (4)
Lindahl, Rubensson, Fischer, Sembrant e Samuelsson (Berglund), Dahlkvist, Seger e Appelqvist (Schough), Asllani, Schelin e Blackstenius (Jakobsson)
Técnica: Pia Sundhage
Cartões amarelos: Andressa Alves, Bia, Formiga (Brasil) Jakobsson (Suécia)
Público e renda: não divulgados
Árbitra: Lucila Venegas (México)
Correio Braziliense
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