Depois de fazer o streptoteste (exame que detecta a bactéria da febre reumática), Taíssa Pereira, de 7 anos, foi tentar convencer Mariana Pereira, de 5 anos, que chorava muito, para fazer o mesmo teste. A cena aconteceu nesta quinta-feira (6), em Guarabira, na 5ª Caravana do Coração, no 11º dia da ação que prossegue até o próximo sábado (8), totalizando 13 cidades paraibanas. O projeto desenvolvido pelo Governo da Paraíba, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), em parceria com a ONG Círculo do Coração, tem na solidariedade uma de suas grandes marcas.
Embora não se conheçam, Taíssa e Mariana têm mais em comum do que a vontade de ajudar uma a outra. Elas têm cardiopatias e, graças ao trabalho da Rede de Cardiologia Pediátrica, que inclui a Caravana, fizeram cirurgia, estão bem e continuam sendo acompanhadas. “Neste trabalho, estão juntos excelentes profissionais para cuidar dos nossos filhos”, disse a mãe de Mariana, Deise Pereira. “Antes, a gente ia pra Recife à procura de atendimento, que agora tem no nosso estado e na porta de nossa casa. Isso é maravilhoso”, comemorou a mãe de Taíssa, Tassiana Guilherme.
Agradecimento e solidariedade são sentimentos que Edivânia Carlos, professora de Sertãozinho, conhece muito bem. Ela é cuidadora de Marcos Maciel, de 8 anos, portador de deficiência física, visual, auditiva e mental. Ele é o segundo filho da dona de casa Vanuza Maciel. Aos 28 anos, ela tem sete filhos: um com 10 anos; Marcos, com 8; outro com 7; um com 4 anos; outro com 3; outro com 1 ano e seis meses e o caçula, com sete meses. “Vim ajudar porque a mãe não tinha condições de cuidar dele sozinha e precisava vir para este atendimento, que é muito importante pra ele”, disse a cuidadora.
Jorgelânia dos Santos também reconhece a importância do trabalho da Caravana. Ela é mãe de Júlio César, de um ano e seis meses, que tem microcefalia. “Levei meu filho a várias clínicas particulares e só aqui foi descoberto que ele tem um problema no coração. Vai ser operado em agosto”, contou.
Para a gerente da 2ª Gerência de Saúde, Alcione Beltrão, o sucesso do trabalho deve-se a parceria. “A nossa região tem 25 municípios e todos eles cooperaram com a logística da ação, desde a hospedagem à alimentação e também fazendo a triagem e enviando os pacientes”, declarou.
Alcione destacou ainda o apoio do Hospital Regional de Guarabira que, rotineiramante, dá suporte a Rede, por meio de atendimento às gestantes e as crianças. “Temos ainda a Sala do Coração, onde, durante todo o ano, é oferecido atendimento, monitoramento, avaliação e encaminhamento das crianças cardiopatas e com microcefalia e oferecemos capacitações para os nossos profissionais. A Caravana é muito importante por vários fatores, entre eles rever condutas porque reúne muitos especialistas”, explicou o diretor geral do Hospital, Cleonaldo Freire.
Capacitação, estrutura e voluntariado também definem o trabalho desenvolvido pela Rede. Este ano são quase 100 profissionais. Um deles é Márcio Feitosa, de João Pessoa, que está na Caravana pela primeira vez. Ele é o responsável pela organização do fluxo. É estudante de Engenharia Civil, bailarino e trabalha com serviço social.
“Aqui estou usando um pouco dos três ofícios pra dar a minha contribuição: a engenharia ajuda na observação e estudo das estruturas; o serviço social no trato com as pessoas e a dança no preparo físico para desenvolver minha missão com a maestria que merece. Fazer parte deste trabalho é algo mágico”, falou.
A equipe é formada por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, professores, estudantes universitários e, desta vez, conta com obstetras, porque, pela primeira vez, passou a oferecer monitoramento e acompanhamento de gestantes de alto risco, com o objetivo de diminuir a mortalidade materna na Paraíba.
Atendimentos - Nas 10 primeiras cidades, foram atendidos 1.577 pacientes, sendo 1.126 crianças e 451 gestantes. Até agora, receberam alta 320 crianças. “Estas crianças são aquelas que os municípios enviaram por suspeitas de alguma cardiopatia, Mas, felizmente, após passarem por todos os exames, foi constatado que não há nenhuma patologia. Já as crianças que passaram por cirurgias, nunca receberão alta porque precisam de acompanhamento”, explicou a presidente da ONG Círculo do Coração e coordenadora da Caravana, Sandra Mattos.
Os atendimentos realizados incluem: enfermagem, cardiologia, eletro e ecocardiografia pediátrica, ultrassonografia fetal e eco fetal, genética, fisioterapia, fonoaudiologia, nutrição, serviço social, saúde bucal (avaliação e aplicação de flúor), psicologia e laudo final. Todo o serviço é informatizado, da recepção até o laudo final.
Nesta edição, a Caravana começou no dia 26 de junho e vai até o dia oito de julho. Iniciou por Cajazeiras e seguiu por Sousa, Catolé do Rocha, Pombal, Patos, Itaporanga, Princesa Isabel, Monteiro e Esperança, Picuí e Guarabira. Nesta sexta-feira (7), estará em Itabaiana e no sábado (8), em Mamanguape, onde haverá o encerramento.
Secom
Nenhum comentário:
Postar um comentário